quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Cerveja sem álcool

A chamada cerveja sem álcool contém na maioria das vezes, uma pequena quantidade de álcool residual, que pode ser, dependendo do processo de produção, entre 0,02% e 0,5%.
Como comparação, podemos dizer que a maioria dos sucos de frutas naturalmente contém quantidades equivalentes de álcool, por causa de processos de fermentação.
Mercado  
No Brasil, segundo as empresas cervejeiras, a tendência é que a participação das cervejas sem álcool cresça ainda mais. Atualmente, a participação desse segmento de cervejas - com teor alcoólico abaixo de 0,5% - no mercado brasileiro ainda é tímida, em torno de 0,75% do total, bem abaixo da média de países como Espanha, Estados Unidos e Alemanha, acima de 5%.
Na tabela a seguir podemos observar um comparativo dos valores nutricionais de diversos tipos de cerveja (por 100 ml): 
Tipos de Cerveja KJ  Kcal 
Cerveja normal 200  48
Cerveja sem álcool 100 24
Kölsh 172 41
Cerveja dietética comum  147 35
Altbier 188 45
Export  200 48
Bock  272 65
Bock dupla 293 70



Cerveja sem álcool
Processos que permitem obter 0,0% de álcool são mais recentes. Um processo mais antigo utilizado para obter cerveja sem álcool é do da fermentação interrompida, antes que seja formado um percentual representativo de álcool, como é feito também com bebidas à base de malte (do tipo Malzbier). O processo mais moderno é o processo de diálise, onde o álcool de uma cerveja normal é retirado por osmose através de uma membrana.
A melhor combinação é entre osmose e destilação de camada fina, onde a partir do permeado, através da destilação do etanol, novamente é formada uma solução hipertônica.  
Cerveja sem álcool não significa que seja 100% livre de álcool, pois a legislação permite até 0,5%. A cerveja “normal” possui entre 3% e 6%. Isso depende do processo de produção: ou a cerveja é produzida sem a formação de álcool, ou o álcool etílico ou etanol (C2H5OH) é retirado posteriormente.
Para que não seja formado o álcool, atua-se no processo de produção de cerveja. Durante a fermentação a levedura degrada a maltose do mosto. Com isso são formados o álcool e o gás carbônico. Mas a levedura degrada apenas determinadas moléculas de açúcar: açúcares de cadeias mais longas não podem ser transformados em álcool.
O processo é de tal modo conduzido, de modo que o mosto cervejeiro apresente principalmente açúcares de cadeias longas (polissacarídeos).  Assim quase nenhum álcool é formado.  Através de uma temperatura baixa, o processo transcorre lentamente. A fermentação é interrompida antes de alcançar o limite de 0,5% de álcool.
Pesquisadores belgas descobriram porque a cerveja sem álcool, produzida a partir de fermentação interrompida, não agrada a todos: a cerveja sem álcool contém entre outras, a substância residual metional, que na elaboração de cerveja normal, é eliminada. A diferença decisiva ocorre através da temperatura na fermentação, segundo artigo publicado na revista inglesa “New Scientist" (Nr. 2190, pág. 7).
Muitas cervejarias deixam fermentar o mosto (a mistura de água, malte e lúpulo) – para cerveja sem álcool – a temperaturas muito mais baixas do que a cerveja normal. Com isso surge uma outra composição de ésteres e alcoóis, explica Philippe Perpete da Universidade de Louvain, da Bélgica, cuja equipe separou as substâncias em um cromatógrafo a gás e convidou quatro pessoas especializadas para o teste de aroma, onde principalmente chamou a atenção o metional, presente na mostura e também na cerveja sem álcool.
Na fermentação para cervejas alcoólicas o metional é eliminado em sua maior parte. Seu odor lembra batatas cozidas. Ele também é responsável pelo gosto alterado do leite, que ficou por longo tempo exposto ao sol. Esta substância está presente, entre outros, nos chips de batata, caldo de carne e crosta de pão branco.  
Uma segunda possibilidade é elaborar a cerveja de modo tradicional e em seguida retirar o álcool. Isso acontece ou por filtração ou destilação.
No processo de filtração, a cerveja passa por uma fina membrana semi-permeável. Esta membrana é apenas permeável para pequenas partículas como o álcool. Através de pressão de 30 até 40 bar a água e o álcool permeiam a membrana. A água perdida é redirecionada para a cerveja.
Uma outra possibilidade de retirar o álcool da cerveja é a destilação. Como o álcool possui um ponto de ebulição menor que o a da água, ele evapora mais rápido sob vácuo, no “evaporador/destilador a vácuo”.  
A cerveja começa ferver a temperaturas baixas, e entre 30 e 60 graus Celsius o álcool evapora da cerveja e é recolhido como destilado. Porém com a desalcoolização se perdem componentes de aroma, que são importantes para o paladar. Por isso, muitas vezes diferentes processos são combinados para a produção de uma cerveja sem álcool. Assim permanece um residual de álcool de 0,5% para o arredondamento do paladar da cerveja.
Tecnologia de destilação para a obtenção da cerveja sem álcool
Um sistema utilizado para retirar o álcool da cerveja é por meio da Spinning Cone Column (SCC), uma aplicação por vapor em uma coluna através de stripping. Uma de suas diversas aplicações comerciais é a remoção de álcool da cerveja normal para produzir cerveja não alcoólica (NAB) e de baixo teor alcoólico (LAB).
A SCC oferece às cervejarias uma instalação multiuso capaz de produzir tanto NAB quanto LAB, mesmo de cervejas não filtradas, sem compromisso com procedimentos de CIP.
O sistema oferece uma série de benefícios importantes às cervejarias como:
- A qualidade da cerveja permanece intacta devido à redução do impacto térmico sobre o produto;- Possibilidade de recuperação de aroma;- Redução do nível alcoólico até 0,05% (ABV) em apenas uma passagem, sem danificar o produto;- Consumo de energia significantemente maior devido à eficiência de locomoção de grandes volumes;- Não há necessidade de se retirar o gás da cerveja antes da remoção do álcool;- Design completo devido à compacidade da instalação, montado em skid.



Sistema de desalcoolização da cerveja
Design
A SCC é desenhada para ser um módulo fácil de instalar e foi construído de acordo com normas e regulamentações de engenharia, incluindo requisitos para áreas perigosas (de acordo com ATEX classe II 3G). A coluna apresenta uma função de auto-regulação de pressão operacional e da taxa de stripping.
O design higiênico inclui o uso de aço-inoxidável para as superfícies com que a cerveja entra em contato, enquanto as gaxetas e vedações em contato com o produto são de grau alimentício e aprovadas pelo FDA. Um gerador de vapor sanitário fornece o vapor necessário para o processo. A instalação pode ser limpa com eficiência usando procedimentos de CIP, com dispositivos em spray para a coluna. Um tanque especial para CIP é instalado no skid.
Recuperação de aroma
A SCC possui uma opção para recuperação de aroma, onde primeiro os sabores são retirados e depois recolhidos em um condensado alcoólico, que pode ser dosado novamente na cerveja final. Isso pode ser alcançado com uma composição de 2 colunas.
Construção e operação da coluna
A SCC consiste em uma coluna vertical que possui cones metálicos rotatórios e estacionários, dispostos alternadamente, com fluxos contra-corrente de gás e líquido, que colocam as duas fases em contato. O sistema funciona a vácuo, em temperaturas de 40º - 45ºC (104º - 113ºF).
Uma película fina e turbulenta do líquido desce a coluna sobre a superfície superior de cada cone. O fluxo é induzido pelos efeitos alternados das forças centrífugas e gravitacionais. O gás (vapor) sobe a coluna, pelos espaços entre os cones.
Aletas radiais nas superfícies inferiores dos cones rotativos garantem turbulência máxima nessa fase.
Isso melhora a eficiência e produz um efeito de bombeamento na fase de vapor, que resulta na redução da
queda de pressão ao longo da coluna. Isso é importante quando há remoção de álcool da cerveja, pois resulta em temperaturas consistentemente mais baixas no sistema e, conseqüentemente, reduz qualquer impacto térmico, que afeta a qualidade do produto – nesse caso, a cerveja.
Especificações técnicas
O consumo de energia depende das especificações particulares do processo de desalcoolização. As especificações a seguir são de uma coluna para tratar 15–25 hl/h de cerveja:
Entrada de cerveja:                                        5,5% abv
Saída de cerveja:                                           0,05% abv
Capacidade:                                                  ~ 20 hl/h
Vapor:                                                           360 kg/h (794 lbs/h)
Água de Resfriamento do Produto:                  12 kW (41.000 BTU/h)
Água de Resfriamento do Condensado:            232 kW (792.300 BTU/h)
Eletricidade instalada / operando:                    28/18 kW (37,5/24 HP)Ar comprimido:                                              1m3/h (2.120 cfm)

Dependendo do método escolhido para a elaboração de cerveja sem álcool, podemos afetar em maior ou menor grau as suas características de qualidade.
Por isso a importância de optar pelo melhor processo, que signifique o melhor para o produto, com o menor custo operacional possível.
Fonte: Matthias Rembert ReinoldMestre Cervejeiro Diplomado 

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